11/07/2006

A cultura é sinónimo de massas?

Cultura significa, entre outras coisas, cultivar. Infelizmente, nem todos entendem que o que o conjunto de costumes, de instituições e de obras que constituem a herança social de uma comunidade possa ser… cultivado.
Escrevo isto a respeito do Festival Intercéltico de Vizela que, pelo segundo ano consecutivo, não se vai realizar. Há uns dias atrás li num jornal local que “a Câmara Municipal de Vizela faz iniciativas culturais e as que tiverem maior aceitação repete-as, caso contrário não”. O futuro desenvolvimento intelectual e cultural do nosso concelho passa então por números?
Entendo que a organização de iniciativas deste carácter, e despesas, têm de oferecer algum retorno ao município e à própria comunidade. Mas acham que se plantarem uma videira este ano, terão vinho em 2007? A natureza tem os seus prazos… E eu acredito seriamente que o Festival Intercéltico pudesse ter uma margem de crescimento e de reconhecimento externo! A seu devido tempo, é claro.
As pessoas estão cada vez mais identificadas na procura das suas raízes, e um evento deste tipo não se resume a um público necessariamente restrito. Tenho visto, noutros festivais do género, várias gerações de espectadores e de várias nacionalidades. Tiveram um público diminuto nas primeiras edições? Concerteza que sim. Mas os organizadores souberam explorar as potencialidades deste estilo musical e tornar a oferta mais abrangente, com uma série de actividades paralelas que vão de encontro à nossa cultura. Veja-se o caso do Festival Intercéltico de Sendim, e do Festival Internacional de Música Celta de Montalegre, dois casos em franca expansão!
Julgo que Vizela perdeu um dos eventos mais interessantes que alguma vez realizou. E se a real explicação do seu cancelamento passa pela fraca adesão de espectadores, alguém me consegue explicar a razão pela qual a Câmara Municipal de Vizela contratou os suecos Paatos para um novo concerto na nossa cidade? Se bem me lembro esta banda não juntou mais de duas dezenas de espectadores, em 2004, na Praça da República… (e não estou a criticar de forma alguma o regresso dos suecos; proporcionaram o melhor concerto que alguma vez assisti em Vizela!).
Senhores vereadores, a cultura não passa factura…

3 comentários:

Anónimo disse...

Poe este andar o Zé Cabra - que vendeu um grande nº de cd´s - é contratado para cantar em Vizela.

Lipe disse...

Zion, como já aqui se havia falado, a política cultural em vizela é pobre e pouco imaginativa.
Os boletins camarários estão cheios de cultura já feita.."a cámara apoiou...a cámara cedeu...etc".
Agora os programas culturais,préviamente defenidos,são magros e andam quase todos ás costas dos Santos...continuo a dizer, eles têm as costas largas.
Tb gostei mt do concerto de Paatos,aplaudo a sua vinda cá, mas tb concordo que é uma incoêrencia abdicar de um festival como o intercéltico,que com um projecto bem conseguido, poderia colocar Vizela no mapa cultural do país.
Esperemos por dias melhores.

Anónimo disse...

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