Muhammad Yunus, do Bangladesh, e o Banco Grameen, que fundou, foram hoje distinguidos com o Prémio Nobel da Paz pelo trabalho no desenvolvimento de oportunidades económicas e sociais entre os mais pobres nomeadamente na ajuda ao desenvolvimento económico e social no Bangladesh.
«Todo e cada indivíduo no mundo tem o potencial e o direito de viver uma vida decente. Em várias culturas e civilizações, Yunus e o Banco Grameen têm demonstrado que mesmo os mais pobres dos pobres podem trabalhar para o seu desenvolvimento», afirmou a Comissão Nobel, ao justificar a decisão. Mais do que um banqueiro, Muhammad Yunus (hoje, com 60 anos) continua a ser o professor universitário de Economia que, um dia, trocou as salas de aula pelas aldeias do Bangladesh, emprestando dinheiro aos pobres sem exigir quaisquer garantias, apenas na base da confiança.
«Estava a leccionar Economia, na Universidade de Chittagong, nos anos que se seguiram à independência do Bangladesh e havia muitas dificuldades. O país, em vez de progredir, estava a definhar e, em 1974, enfrentámos um terrível período de fome. Via pessoas a morrer à fome e estava frustrado, sem saber o que fazer para ajudar. Afinal, todas as grandes teorias de desenvolvimento económico que eu ensinava não contribuiam para nós.Era precuiso olhar para o mundo como um ser abstracto, mas como se de uma pessoa se tratasse e tentar ser útil. Nem que fosse para uma só pessoa. Fui à aldeia mais próxima do "campus" universitário visitar os pobres e... foi assim que tudo começou. Vi como as pessoas sofriam, como estavam dependentes dos usurários que lhes emprestavam dinheiro, quase sempre montantes muito pequenos. Porque não fazer uma lista destas pessoas e tentar ajudá-las? Com a colaboração de alguns alunos, fizemos uma lista de 42 pessoas e chegámos à conclusão que o total de dinheiro necessário era de 27 dólares! Meu Deus! Andamos nós a falar de milhões e milhões de dólares para investir e desenvolver a economia do país e há pessoas que, apenas, precisam de um dólar.»